Cada povo tem ou teve uma orientação espiritualista de acordo com seu tempo histórico. Essa espiritualidade se manifesta através de suas crenças, sua fé, tem seus símbolos, seus profetas e mestres - e se constituem nas grandes religiões que predominam hoje. Cada povo tem sua maneira peculiar de expressar essas crenças.
Nações grandes ou pequenas guardam em seu acervo cultural tradições cujas origens se perdem nos tempos e justificam sua conduta, sua ética, sua maneira de pensar e agir. Já ocorreram muitas guerras em nome ou por causa dessas diferenças religiosas.
Sufocar, impor outras formas de pensamento religioso, querer substituir os pontos de vista das pessoas implica em gerar revoltas e conflitos que, mais cedo ou mais tarde, tendem a explodir. A ironia, a crítica e o desrespeito à forma de pensar e de se manifestarem sua espiritualidade só agravam os relacionamentos entre as Nações, como estamos assistindo no momento em relação ao mundo muçulmano.
O mundo globalizado levou a um intercâmbio maior do conhecimento dos usos e costumes dos diferentes grupos culturais e religiosos. Entendemos que todas as pessoas tem o direito de conhecer as diferentes manifestações religiosas. Porém, ninguém deve ser obrigado a aceitar como verdade incontestável o pensamento alheio, só porque alguma pessoa decidiu que deve ser assim. E muito menos desrespeitar.
O mérito está em ter liberdade de escolha, aceitar ou não o novo ensinamento ou conhecimento. Respeitar para ser respeitado. Essa deve ser a norma.
As manifestações religiosas persistiram através dos tempos, e até cresceram quando foram alvo de perseguições. Um exemplo recente está no que ocorre nos países comunistas, como em Cuba; na pequena ilha, após anos de repressão ao pensamento livre, a devoção centenária à Padroeira renasce e reconquista pessoas que viveram sufocadas pelo regime ditatorial.
Por falar em fé e diferenças culturais, temos notícias de que povos da África estão preocupados com o avanço da cultura religiosa de igrejas evangélicas em seu território sem estas se preocuparem com o sentimento milenar de suas tradições. Isso é grave.
A diversidade existe inclusive entre grandes grupos que à primeira vista parecem homogêneos, sejam eles cristãos, muçulmanos, budistas, animistas, etc.
A exploração dos sentimentos religiosos dos candidatos envolvidos na campanha política, por exemplo, como ocorre no momento em nosso país é sinônimo de ignorância do que seja liberdade religiosa assegurada pela nossa Constituição.
Uma pena que as pessoas persistam na superficialidade dos valores éticos, morais, religiosos; eles agem como se estivessem tentando convencer a si próprios de algo de que na realidade estão distantes.
Liberdade de expressão deve ter sua ética, seus limites para não ferir sentimentos alheios.