sábado, 5 de maio de 2012

PREVISÃO DO TEMPO QUANDO NÃO HAVIA TECNOLOGIA PARA PREVER O TEMPO

Já brincamos com a historinha do chefe de uma tribo que após fazer a dança da chuva fugiu e ao passar por uma estação meteorológica perguntou ao plantonista do dia se ele sabia quando ia chover, ao que ele respondeu: - Certamente choverá nos próximos dias, pois os índios da tribo lá do vale já colocaram as vasilhas fora das casas para coletar a água da chuva...

Brincadeiras à parte, as pessoas habituadas à vida do campo, aprendem a observar muitos sinais da natureza que resultam corretos quando se trata de mudanças climáticas.

Citaremos alguns exemplos que aprendemos durante alguns anos de observação e registro em nossa memória. Vivemos numa região que era rota de andorinhas migratórias vindas do sul da América do Sul. Elas chegavam em bandos, no fim das tardes, e se alojavam em árvores e nos fios de transmissão de energia elétrica. Era o sinal de que logo atrás deveria chegar uma onda de frio; assim, dava para saber se o inverno seria antecipado ou ocorreria na época certa.

A partir daí os observadores da natureza começavam a prestar atenção a outros sinais: - um por de sol colorindo de vermelho intenso o horizonte límpido, e, o ar parecendo um espelho, indicava formação de geadas. Se os sons se propagavam com nitidez à distância indicava tempo limpo com secas prolongadas.

Já, um ar pesado – indicando alta pressão, prenunciava chuvas. Para confirmar, costumava-se olhar o comportamento dos animais (cavalos, vacas) – se eles ficavam reunidos próximos a casa em horário que deveriam estar nas pastagens se alimentando, confirmava a previsão de chuvas. A previsão ainda era reforçada se enxames de moscas e mosquitos se fizessem presentes ao redor dos animais. Mesmo que não houvesse a formação de nuvens de chuva.

A correição de formigas cortadeiras costumava ocorrer antes de chuvas e de geadas fortes. A natureza emitia seus sinais e elas corriam para se abastecer.

Normalmente os pássaros param de cantar durante os dias chuvosos. Ouvido atendo quando a chuva persistente não dava folga, e, quando se ouvia passarinhos começando a cantar, sinal de que o sol ia reaparecer. E aparecia...

Há ventos característicos em certas regiões. O Noroeste no interior de São Paulo, por exemplo, é um vento revoltoso que incomoda; três dias de ventos é chuva na certa. Na Suíça há o föen um vento que sopra nas encostas das montanhas; devido à inversão de temperaturas que ele provoca, ocorre o derretimento dos gelos com avalanches catastróficas. O siroco, vento quente do norte da África está associado a tempestades de areia.

E assim por diante. Muitos outros exemplos poderiam ser citados.

Um dia, eu fui à casa de uma vizinha; era uma daquelas caboclas de raízes indígenas adaptada à civilização, mas que mantinha costumes de sua cultura. Uma forte tempestade repentina nos obrigou a entrar na casa.  As duas netas corriam pela casa atrás da mãe que se ocupava em fechar as janelas. A velha cabocla ficou impassível fumando seu cigarro de palha sentada perto do fogão à lenha onde cozinhava o feijão para o jantar. A chuva não passava e o vento forte soprava em todas as direções. Uma das meninas pediu à avô que jogasse a peneira pela janela para pegar o saci que estava provocando a ventania em redemoinhos.  Diante da insistência da neta, ela, após soltar mais umas baforadas do cigarro de palha, escolheu uma das peneiras que estava dependurada na parede da cozinha, foi até a janela da sala e, sem dizer palavra, atirou a peneira de maneira que caísse emborcada no chão. Parece piada. E, acreditem se quiser. Mas a chuva parou como que por encanto. O sol voltou a brilhar e eu voltei para casa intrigada.

- Coincidência?  Ou foi influencia da energia das formas? Ou...

Tudo é possível.