segunda-feira, 21 de maio de 2012

HERÓIS - E ESCRAVOS DE TODOS OS TEMPOS E CORES

Cada momento da história da humanidade cria seus heróis. São símbolos de algo que é inatingível para o cidadão comum, mas que transforma alguns em semi deuses venerados por uma horda de admiradores. Heróis são poucos. Já, escravos, servos submissos ou não são aos milhares.
Escravidão é uma chaga que atingiu muitas pessoas - não só os negros; muitos brancos também já passaram pela experiência da escravidão. Branco já escravizou branco, negro, índio; negro capturou, vendeu e escravizou negro; índio massacrou e também escravizou seus semelhantes. A história dos povos é um oceano de sangue a transbordar de injustiças.
No Brasil, a libertação dos escravos, cuja prática manchava a monarquia, criou outro problema para eles (ex-escravos). Os antigos donos/patrões foram obrigados, por lei, a despedi-los; muitos deles não tinham para onde ir. Contam que era comum ver negros livres perdidos pelas estradas em situação mais precária do que quando vivam nas fazendas como escravos. E os antigos donos das fazendas não podiam recebê-los de volta por força da lei. Lei é lei. Quem tem juízo obedece.
Há um outro detalhe da época da escravidão negra no Brasil. Com a entrada do escravo para trabalhar nas lavouras, o branco pobre - o caboclo, perdeu seu espaço no campo produtivo. Aí surge a figura do caipira, o Jeca Tatu afundado no sertão vivendo como Deus manda. A chegada do imigrante para ocupar o espaço nas lavouras igualou a todos. O branco pobre, o caboclo, o ex-escravo negro, o mestiço, vão se igualar no trabalho braçal ao lado do trabalhador livre. Agora, cada um por si!
 A história não para. O imenso território, praticamente vazio foi sendo ocupado. O nativo ora apoiou, ora sofreu as consequências, ora tirou proveito conforme seus interesses imediatos.
Chegamos a um momento de rever atos e ações em nome da liberdade, dos direitos de uns em detrimento de outros. O recente despejo de produtores rurais de áreas ocupadas há décadas, consideradas terras indígenas, e a libertação dos escravos no passado tem algo em comum. Ambas as decisões judiciais atiraram seres humanos às estradas. Tudo sem um planejamento. No passado porque a nação vivia uma agitação onde idéias e ideias políticos falavam mais alto. Hoje com toda a organização política, econômica e social , não se justifica expulsar cidadãos de suas propriedades e locais de trabalho, sem lhes proporcionar condições de uma vida digna em outro lugar. Mudam os tempos, mudam os objetivos e motivações, mas as injustiças são idênticas. E ainda falam em direitos humanos! Quais humanos? Só discurso. Discurso repetitivo.
Enquanto isso há os que querem reescrever a história ao gosto, criar seus 'heróis' imaginários só para satisfazer o próprio ego. Vive-se a era da irresponsabilidade.
 Continua valendo o: - "Se segura na brocha que vou tirar a escada". - piada que na vida real não tem graça nenhuma.
A esperança é de que a construção de um sistema de paz social seja algo mais do que teorias para ludibriar os novos escravos do sistema vigente. Por enquanto a criatividade humana está sendo usada para acentuar problemas que já poderiam ter sido superados, além de criar outros. Nem é preciso citar que um novo elemento humano está sendo forjado na sociedade brasileira: o branco, pobre coitado sem ONG... que se vê obrigado a deixar seu espaço para que outros usufruam largamente de direitos - os tais direitos humanos!