Ao assistir a fala da Presidente ao empossar os integrantes da comissão que terão dois anos para fazer uma avaliação do desrespeito aos direitos humanos entre 1946 e 1988, trouxe à memória o período que precedeu o chamado 'golpe militar' em 1964.
As novas gerações tem o direito de saber como era o mundo e o Brasil naquela época.
Nunca é demais lembrar. A década de 1950, e seguinte, foram marcadas pela corrida espacial e a guerra fria entre EEUU e URSS - o bloco comunista contra o mundo ocidental. Em Cuba dominava uma ditadura sanguinária. Os guerrilheiros da 'Sierra Maestra' com ajuda americana combateram e derrotaram o presidente Fulgêncio Batista e assumiram o poder (1956). Tornaram-se ditadores, apoiados pela URSS e estão lá até hoje.
No Brasil tivemos o fim da era Vargas - suicídio de Getúlio Vargas (24-08-1954) seguido de um período politico de ajustes até a eleição de J.K. Juscelino deu início a uma era de desenvolvimentismo (50 anos em 5), construção de Brasília e mudança da capital, além da industria automobilística que criou um novo pólo de desenvolvimento em São Paulo.
O meio estudantil Universitário e outros setores da sociedade incluindo a Igreja - padres também ocupavam cargos políticos - se mobilizaram agitando idéias e ideologias motivadas pela história vivida em Cuba. Como universitária assisti algumas palestras e sermões para universitários. O ideal do socialismo era reforçado com o lema da justiça social.
O agito de alguns fanáticos que foram conhecer e se treinar na arte da guerrilha, foi reforçado com a presença da figura do 'revolucionário penetra', o argentino Che Guevara, e as atitudes do então Presidente Jânio Quadros e sua renúncia.
Já estava em curso em alguns pontos do país a ação de grupos guerrilheiros aplicando métodos copiados da revolução cubana. Inclusive com acampamentos na serra próximo ao litoral santista, onde em 1961 grupos armados, treinados fora do país arregimentavam simpatizantes. Pensavam em tomar o poder e instalar um regime comunista no Brasil. Não eram anjos. Seus métodos eram terroristas. Praticavam sequestros, roubos, assassinatos, explodiam bombas matando inocentes. É só consultar os jornais da época.
Os fatos que se seguiram à renúncia de Jânio Quadros e posse do vice Jango foram um teste de boa vontade para garantir a normalidade das instituições. Porém, a 31 de março de 1964, com o agravamento da situação, ante a agressividade dos grupos armados, as Forças Armadas assumiram o poder. Foi um contra golpe que frustrou as intenções dos que queriam assumir o poder desrespeitando as Leis.
A exibição que hoje se faz nos documentários de TV, exibindo a repressão policial e militar contra manifestantes, é apenas um detalhe dos acontecimentos históricos da época. Eles não contam os antecedentes que levaram àqueles resultados. Houve presos, exilados e auto-exilados, desaparecidos e mortos... e, também eliminação de companheiros na guerra suja que se seguiu. Bem, nomes e fatos estão nos jornais da época. É só consultar.
Queremos lembrar que o período de 1964 a 1986 foi de trabalho construtivo, progresso, liberdade de ir e vir para o cidadão de bem, oportunidade de prosperar. Ninguém precisou deixar o país para ganhar seu sustento, como tem ocorrido nos últimos 25 anos após a chegada ao poder dos que combatiam o regime militar.
Em 1979, quando parecia que a normalidade já estava reconquistada, a Lei da Anistia colocou um ponto final ao regime militar; seguiu-se a abertura política e a volta das eleições livres.
A década de 1980 foi marcada pela abertura política, fim do regime militar, eleições com multipartidarismo, uma nova Constituição. A Democracia nunca esteve ameaçada durante o período em que se sucederam os governos militares.Creio que é hora de quem ainda quer rever o passado, fazer um exame de consciência e, sem desculpas de que defendiam idéias, assumam a parte de responsabilidade que lhes cabe em todos os fatos ocorridos naquele período, pois se ainda há desaparecidos, quem os arregimentou com suas idéias e os incentivou a participar dos seus métodos de luta, tem sua parte de responsabilidade também. Só assim é que ficarão bem na fotografia. As indenizações milionárias aos que participaram de atos de terrorismo é uma afronta contra os que permaneceram fiéis à Nação cumprindo seu dever de cidadãos. Devemos a liberdade Democrática à instituição das Forças Armadas. Temos certeza nunca faltarão ao país.