Muito interessante o tema abordado no domingo (dia 22 - 09) no programa
Matéria de Capa da TV Cultura. Não é novidade o fato do homem viver imaginando
como habitar com conforto, qualidade de vida tendo tudo à mão.
Grandes pensadores do passado se dedicaram à criação de uma cidade
perfeita. Entre eles Thomas More com sua Utopia onde cada cidade estaria a um
dia de caminhada de outra. Frank L. Wright (1920) propôs a criação de uma
cidade onde as casas seriam amplas, funcionais e integradas com a natureza – a
Broadacre City – onde o transporte, por exemplo, seria feito por helicópteros
em forma de pião. O objetivo era libertar-se da escravização da renda. Muitas foram
as propostas que não saíram do papel, inclusive a de reconstrução de cidades
atingidas por cataclismos naturais ou acidentais.
Idéias é que não falta bem como experiências as mais variadas, como forma
de adaptação ao meio, a exemplo das cavernas dos berberes tunisianos escavadas
no arenito; são habitações que protegem contra o calor e os ventos. Ou os
módulos – cápsulas para dormir (Japão – Osaca); há ainda os projetos de prédios
com vários andares subterrâneos, etc.
Os avanços tecnológicos permitem planejar e realizar alguns projetos que
parecem ficção, como o que foi apresentado na reportagem do ‘Matéria de Capa’.
A criatividade em todos os setores visando a obter melhor qualidade de vida,
concentrando local de moradia, trabalho, laser, tudo de forma sustentável
merece destaque.
O salto qualitativo nas cidades é possível, inclusive no Brasil. A
realidade gritante das ‘cracolândias’, no entanto, indica que estamos bem distante da cidade
ideal. Quando um gestor público abre mão
de impor a ordem e o respeito no uso dos espaços públicos deveria ser punido
pela omissão. Se existem esses redutos, é porque há descaso por parte das
autoridades omissas e incompetentes; o caso da capital paulistana cujo centro
está dominado por usuários da droga é um triste exemplo urbano que não atende
a sua função social.
Ao contrário da opinião sobre a construção de novas cidades no Brasil, emitida
por um dos participantes do programa ‘Matéria de Capa’, sob a alegação de
sermos um ‘país democrático’, digo que no Brasil, cabe sim a construção de
cidades para remanejar populações marginalizadas nos grandes centros urbanos e
carentes de infra-estrutura adequada às suas necessidades.
A falta de competência, aliada a omissão dos gestores públicos agrava a
situação das cidades. Precisamos de uma gestão pública de qualidade, competente
e isenta de partidarismos. O agravamento dos problemas de uma urbanização
descontrolada decorrente do êxodo rural e das migrações internas mal
administradas pode e deve ser tratada democraticamente. Isso não quer dizer,
que porque somos uma democracia que cada um pode colaborar para piorar a
qualidade de vida de todos. Uma verdadeira democracia não dispensa regras
coerentes de ocupação dos espaços urbanos.
Muitos projetos interessantes e curiosos serão objeto de empreendedores
na área urbanistica; desde a cidade móvel sobre trilhos do arquiteto sueco J.
Milton, às cidades flutuantes, melhoria na mobilidade urbana – com digamos,
calçadas rolantes... Tudo depende de objetividade e de boa gestão de tudo.
O vídeo do programa pode ser assistido na internet – página ‘Matéria de
Capa’ – As Cidades do Futuro - do Jornal da TV Cultura.
- “Só a vontade do homem mede a
distancia entre o possível e o impossível” (M. Gonzalez Ulhoa).