Moro
num país tropical e estamos em pleno verão. Chove e faz frio no planalto
central do Brasil – é o ‘inverno’ local. Noticias de seca no SE e no Nordeste
exibindo reservatórios vazios e populações atingidas pela falta d’água são
manchetes diárias nos noticiários. Mas ainda não é o fim do mundo... Informações
de moradores da capital paulistana garantem que não é toda essa tragédia que se
conta. Parece que tem muito repórter com vocação para dramatização.
Em busca de informações mais
confiáveis, li “
O Futuro Climático da Amazônia”
– Antonio Donato Nobre - não me
convenceu. O
assunto climático e as irregularidades verificadas no comportamento de modelos
considerados estáveis têm levado aos pesquisadores falar e escrever
considerando apenas um ou dois elementos do clima, tirando conclusões com
algumas imprecisões. E o debate tem-se concentrado no papel da floresta Amazônica
e nas emissões do CO2. Elaborar teorias é fácil. Com o devido respeito pela
equipe que elaborou o relatório citado, faço minhas as palavras do prof. de
Geografia Física em anotação à margem de uma prova nossa, cujo tema era “Causas do desaparecimento
dos Dinossauros” – a nota dizia: ‘Tese de autoria da aluna’. Com alguns dados
concretos dá para usar a imaginação e escrever uma tese sobre qualquer assunto.
Nosso objetivo não é criticar por criticar. É
chamar a atenção para um universo mais amplo do que simples medições de
temperaturas e de CO2 na atmosfera. Novos encontros para debater o clima já
estão sendo marcados. E por antecipação já se sabe que será apenas para
elaborar novos documentos de intenções que serão ou não cumpridos pelos países
signatários.
A
seca no Sudeste preocupa, mas se sabe oficialmente que houve uma alteração
cronológica nos períodos sazonais locais. Estudos indicam que entre 1941 e 1970
o trimestre mais chuvoso na região sudeste era de novembro/dezembro/janeiro a
fevereiro/março; em 2005 passou para dezembro/janeiro a fevereiro/março. O período seco ia de maio/junho/julho/agosto
e em 2005 passou para julho/agosto/setembro. (relatório do INP). Já se passaram
dez anos e dá para perceber ‘no ar’ que houve alterações na distribuição de
chuvas e não está chovendo onde costumava chover – causas: diversas, inclusive
as ‘ilhas de calor’.
Nas
minhas buscas sobre o assunto encontrei um artigo (O aquecimento Global não é o
vilão da crise hídrica em São Paulo) publicado no site da Revista Veja com
entrevista do meteorologista e professor da USP Augusto
José Pereira Filho; ele apresenta dados de estudos meteorológicos e climáticos
realizados recentemente. Em síntese informa que o fenômeno da seca em São Paulo
não é motivado pelo homem, nem pelo desmatamento da Amazônia (esta é uma dádiva
do oceano Atlântico), nem pelas emissões de CO2, mas pelas condições naturais (a
era geológica atual e os movimentos das massas atmosféricas) – se não há
formação de nuvens, não haverá chuvas. Há um conjunto de fatores que se somam e
causam as anomalias climáticas. Em Janeiro/2014 choveu acima da média em São
Paulo; os dados apresentados pelos noticiários como sendo inferiores à média
sofreram influencias locais e não correspondem ao volume real de chuvas no
período. Refere-se também às ‘ilhas’ de calor que influenciam as condições climáticas
nas concentrações urbanas e aos ciclos de chuvas com intervalos de 5 a 10 anos.
O CO2, por exemplo, não é o vilão do aquecimento global, mas a base para que
haja vida no planeta; tem um ciclo próprio anual: aumenta no inverno e diminui
no verão. E afirma que o problema está nas nuvens sobre as quais não há estudos
e medições confiáveis de sua distribuição no globo. Fala também nas variações
do movimento da Terra em relação ao Sol que modificam a quantidade de nuvens e
de gelo, a circulação da atmosfera e dos oceanos, etc.
Pessoalmente
tive a oportunidade de conhecer os longos dias de verão desde o pampa argentino,
passando pelo planalto meridional, região central e o calor úmido amazônico,
bem como sentir a diferença entre o calor sufocante de praias no litoral
carioca e paulista até as amenidades de altitudes serranas. Houve algumas
mudanças, sim, por conta de ‘n’ fatores, porém nada que comprometa a vida no
planeta como insistem dizer. Mas alguns fenômenos de secas na Amazônia, por
exemplo, são históricos como o das calmarias em alto mar como está registrado
desde as viagens do tempo das caravelas e que impediam as massas de ar úmido chegar
à região.
Algo
está mudando gradativamente. A palavra chave é ADAPTAÇÃO! O maior problema é a
falta de vontade política e de gestores capazes de elaborar uma política urbana
racional.
O
que o clima-tempo não fizer para destruir o mundo, os políticos conseguirão! - A nova sugestão é a de se fazer a
transposição de 1% da água do rio Amazonas (sic) para solucionar a falta d’água
nos períodos de seca no SE... – mais uma obra faraônica para justificar o uso
de vultosas verbas publicas.