Estamos
em plena semana da Pátria, e as atenções estão concentradas em campanhas
políticas. Parece que o tema, antes tão comemorado, está caindo no esquecimento. O
que são 192 anos de Independência? – Menos de dois séculos e umas poucas
gerações que se passaram na história nacional. Pode parecer pouco tempo, porém,
para a atual geração, isso está tão distante, que se perdeu no passado. A
história republicana, mais recente, com 125 anos, pouco mais de um século, simplesmente é olhada
como um conjunto de ensaio e erros do caminhar com as próprias pernas, correndo
em todas as direções; é o retrato de uma Nação em busca de seu destino no
conjunto mundial. Assemelha-se ao filho rebelde, que atingiu a maioridade e
está a esbanjar festivamente um patrimônio que recebeu graciosamente.
Nossa
Independência surgiu de uma reação de D. Pedro I – ato de rebeldia – aos novos
decretos da corte portuguesa anulando as medidas político - administrativas que
davam mais autonomia ao Brasil. A proclamação da Republica, é outro ato de reação
para impedir medidas administrativas que contrariavam interesses particulares.
Vivemos
uma independência republicana onde desde sua inauguração (15/011/1889) com o
ato da proclamação da República pelo alagoano Marechal Deodoro da Fonseca – 1º.
Presidente eleito e que renunciou - os governos se sucedem prometendo um Brasil
paraíso: - Presidentes são eleitos.
Presidentes renunciam. Presidentes são depostos. Presidentes morrem no mandato.
Presidente se suicida. Presidentes apegados ao poder querem se perpetuar na
política esquecendo-se de que ninguém é insubstituível.
A
rebeldia cometida pelos primeiros colonos
que deveriam ficar restritos às feitorias no vasto litoral onde podiam
comerciar com os nativos as riquezas de interesse da metrópole - ‘brasileiros’ eram os negociantes de
pau-brasil - criou este gigante chamado
Brasil.
Isto
não é uma aula de história. É um lembrete
de que o momento político eleitoral repete o discurso centenário com
atores que se sucedem através do tempo. Falta ainda a convergência para um
ideal de Nação realmente independente e livre; sem essa convergência corremos o risco da desagregação da Federação
onde o improviso continua a ser a regra.
É
semana da Pátria um tanto esquecida pelos donos do poder. É hora de sair do
zero, do voo cego, do fingimento histérico dos últimos 12 anos de governo e
reconhecer que as bases da civilidade democrática devem ser o mérito e decência
política. Basta de improvisação programática cuja única certeza do eleitor é
que, uma vez no poder, o candidato/a será mais um na galeria de presidentes.
O
Brasil precisa de mais um momento de rebeldia para libertar-se das amarras a
que foi submetido por uma política estatal intervencionista, burocrática,
predadora e incompetente.
É
semana da Pátria... Falta um desafio.
- "Este personagem que se comporta como "herdeiro", goza o ócio
florescente que lhe criaram gerações sem juventude vivendo em um tempo que
todos creem capazes de realizar, mas não sabem o que realizar..." Ortega
Y Gasset (A Rebelião das Massas).