quinta-feira, 8 de maio de 2014

OS PIOLHOS, DE HERÓIS A VILÕES – ‘ANIMALITOS PRE-HISTÓRICOS’


Entre as revistas guardadas encontrei uma de 2002 com um tema não usual, e pelo interesse cultural que representa, fiz um pequeno resumo que segue abaixo.
É um artigo baseado em estudos realizados por Cristina de Villalobos – Doutora em Ciências Naturais, sob o titulo ‘Tomaduras de Pelo’ – ou em tradução livre: ‘Conquista do cabelo’, a autora faz um histórico do papel social dos piolhos desde a antiguidade, sua influencia na vida de comunidades inteiras, não só atormentando os cidadãos, mas também comprovando historicamente seu papel ajudando a eleger monarcas e ganhando guerras além de exercer forte papel social e de relacionamento familiar entre povos indígenas americanos desde o Alasca à Patagônia.
Inicia o artigo dizendo: 
- ‘Acredite-se ou não, houve épocas em que os piolhos gozaram de prestigio e poder. Em outras provocaram pestes causando mortes nos campos e nas cidades. Os piolhos estão intimamente ligados ao homem e sua cultura.’
Cita o exemplo do prestigio dos ‘animalitos históricos’ em seu papel para designar funcionários, definir batalhas, honrar deuses e portadores de mensagens de amor.
O uso de perucas pelos reis e nobres no século XV e XVI visava evitar os piolhos quando a higiene não era um hábito, mas que em geral produzia efeito contrário. Eles estão entre as pragas do Egito. Esse povo tinha receitas práticas para combater a infestação do cabelo: os homens a cada três dias faziam barba e cabelo e era usada uma mistura de farinha com água quente aplicada a parte infectada. Os astecas conviviam com os piolhos e em sinal de respeito os colocavam em vasilhas de ouro aos pés de Montezuma. Cortez sofreu um ataque dos parasitas ao abrir uma dessas vasilhas.
Na Idade Média, por exemplo, esses parasitas eram encarregados de eleger os intendentes das cidades suíças. No dia da eleição os candidatos se reuniam ao redor de uma mesa onde estendiam suas longas barbas. No centro da mesa eram depositados piolhos que rapidamente se dirigiam em busca das barbas. Aquela que mais piolhos atraísse, era considerada vencedora e seu dono indicado novo chefe municipal.
O rei Carlos V teria chegado ao trono porque as tropas de 25 mil homens da Armada Francesa que sitiava Nápoles foi aniquilada por contagio provocado por piolhos. A França perdeu a guerra o que facilitou a ascensão de Carlos V ao trono do Sacro Império Romano. Ele teria declarado ao assumir o trono: ‘Não foi necessário derramar nosso sangue, só esperamos que a enfermidade os matasse. ’
Entre os nativos da América latina o parasita tem servido de pretexto para demonstrações de afeto entre mãe e filho, ou em relação a pessoas mais idosas. Em algumas culturas é um sinal de respeito dos mais jovens para com os adultos. Chama atenção de que esse hábito também ocorre entre os macacos tanto no Velho como no Novo Mundo.

Conclusões – nossa cultura os considera intrusos e prejudiciais à saúde e como se estão tornando imunes aos medicamentos para combatê-los, o remédio é matar um a um sem esquecer as campanhas nas escolas e de práticas de higiene indispensáveis para evitar sua proliferação como ainda acontece em muitas localidades.

Autora do texto publicado na Revista de Clarin em 2002,  Stella Bin, cita como fontes de consulta: Cristina de Villalobos – Doutora em Ciências Naturais. Faculdade de Ciências Naturais e Museu de La Plata. / Museu de Ciências Naturais “Bernardino Rivadavia”.