Paulistanês?
- Copa vem aí e inventaram que precisam ensinar
nossa fala errada aos gringos... Sacanagem!
O
idioma pátrio é um elemento da nacionalidade que permite a integração do
diferente e a preservação da identidade. Somos uma extensa nação com um povo
multirracial e consequente aculturação. Após um largo período de adaptação às
diferentes influencias desde o Brasil colônia onde se falava o tupi nas ruas, o
português nas residências e o francês nos salões e meios culturais, o idioma
oficial resultou no Português abrasileirado com inúmeros vocábulos de vários
idiomas.
A
preguiça mental associada à cultura diversificada criou um linguajar de rua. Daí a querer que se torne traço de nossa
cultura, no meu parecer é um passo atrás
na educação. Um país emergente que quer um lugar no contexto internacional
jamais acabará de sair da zona obscura do subdesenvolvimento endêmico se
persistir na política do ‘coitadinho das periferias’ como se eles não tivessem
massa cinzenta nem capacidade de aprendizado.
De certa forma não deixa de ser uma forma de acentuar uma espécie de
discriminação em relação aos ‘pobres’ cuja pobreza está na cabeça de quem assim
os classifica.
O
pior de tudo é que quem deveria motivar e incentivar os jovens da periferia a
elevar seu linguajar, está patrocinando um dicionário de paulistanês! Em que
cabeça cabe, uma Secretaria Municipal da Cultura patrocinar um dicionário com
palavras deturpadas do que já existem no dicionário oficial.
Brasil,
país emergente jamais chegará a estágios mais elevados se menosprezar sua forma
de se comunicar. Como ficam os professores numa sala de aula cuja função é
ensinar o que é correto?
Para
exibir um belo cartão postal de nosso país na Copa e nas Olimpíadas de 2016,
comecemos com o básico: - falar corretamente conforme a língua oficial ensina. Que um pingo
de manos queira causar nos gringos, vá lá. Já isso ser patrocinado por uma
Secretaria de Cultura sem a contrapartida da valorização do idioma oficial, é
que é constrangedor.
São
Paulo é uma cidade cosmopolita e boa parte do linguajar popular tem origens diversificadas,
oriunda de outros países e das diferentes regiões devido à diversidade dos
povoadores do vasto território.
Sugestão: - Vão estudar e aprender a
falar e escrever o Português se quiserem causar boa impressão nos visitantes não
só durante os eventos esportivos. Estudem também as outras disciplinas, como
geografia, história, ciências, literatura, arte e tudo o mais que faz parte da
formação de um cidadão.
Nota - Este texto estava pronto
quando me deparei com o Editorial do Estadão de 26/02/2014. Não resisti e aí
vão trechos da fala da presidenta em sua recente participação em Bruxelas em
reunião com membros da União Européia.
2-Ela fala pelo Brasil
“Até mesmo o lusófono presidente da Comissão Européia, José Manuel
Durão Barroso, deve ter tido sérias dificuldades para entender os dois
discursos da presidente Dilma Rousseff proferida em Bruxelas a propósito da
cúpula União Européia (UE)-Brasil. Não porque contivessem algum pensamento
profundo ou recorressem a termos técnicos, mas, sim, porque estavam repletos de
frases inacabadas, períodos incompreensíveis e idéias sem sentido.
Ao falar de improviso para platéias qualificadas, compostas por
dirigentes e empresários europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez
todo o seu despreparo. Fosse ela uma funcionária de escalão inferior, teria
levado um pito de sua chefia por expor o País ao ridículo, mas o estrago seria
pequeno; como ela é a presidente, no entanto, o constrangimento é
institucional, pois Dilma é a representante de todos os brasileiros – e não
apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua limitadíssima
oratória.
Logo na abertura do discurso na sede do Conselho da União Européia,
Dilma disse que o Brasil tem interesse na pronta recuperação da economia européia,
“haja vista a diversidade e a densidade dos laços comerciais e de investimentos
que existem entre os dois países” – reduzindo a UE à categoria de “país”.
Em seguida, para defender a Zona Franca de Manaus, contestada pela
UE, Dilma caprichou: “A Zona Franca de Manaus, ela está numa região, ela é o
centro dela (da Floresta Amazônica) porque é a capital da Amazônia (…).
Portanto, ela tem um objetivo, ela evita o desmatamento, que é altamente
lucrativo – derrubar árvores plantadas pela natureza é altamente lucrativo
(…)”. Assim, graças a Dilma, os europeus ficaram sabendo que Manaus é a capital
da Amazônia, que a Zona Franca está lá para impedir o desmatamento e que as
árvores são “plantadas pela natureza”.
Dilma continuou a falar da Amazônia e a cometer desatinos
gramaticais e atentados à lógica. “Eu quero destacar que, além de ser a maior
floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica, mas, além disso, ali tem o
maior volume de água doce do planeta, e também é uma região extremamente
atrativa do ponto de vista mineral. Por isso, preservá-la implica,
necessariamente, isso que o governo brasileiro gasta ali. O governo brasileiro
gasta um recurso bastante significativo ali, seja porque olhamos a importância
do que tiramos na Rio+20 de que era possível crescer, incluir, conservar e
proteger.” É
possível imaginar, diante de tal amontoado de palavras desconexas, a aflição
dos profissionais responsáveis pela tradução simultânea.
Ao falar da importância da relação do Brasil com a UE, Dilma disse
que “nós vemos como estratégica essa relação, até por isso fizemos a parceria
estratégica”. Em entrevista coletiva no mesmo evento, a presidente declarou que
queria abordar os impasses para um acordo do MERCOSUL com a UE “de uma forma
mais filosófica” – e, numa frase que faria Kant chorar, disse: “Eu tenho
certeza que nós começamos desde 2000 a buscar essa possibilidade de
apresentarmos as propostas e fazermos um acordo comercial”. - (Editorial do Estadão - 26/02/2014 – texto completo e comentários no blog
– Reinaldo Azevedo: - ‘Dilma e seus patéticos momentos. Ou: Manaus é a capital
da Amazônia na Terra Retangular’).