Quando me entusiasmei pelo curso de Geografia despertei a curiosidade de muitas pessoas que não entenderam a minha escolha.
Ocasionalmente tivera em mãos livros de Geografia Física e de Geologia do meu irmão Lauro que cursava Geografia e História. Fiquei fascinada. Geografia era muito mais do que decorar nomes de países e capitais, bacias hidrográfica, cadeias montanhosas e cordilheiras com picos mais altos. Havia um mundo fantástico que ia da Astronomia e Astrofísica, às profundezas dos Oceanos; que também dava um mergulho nas entranhas da Terra para conhecer sua história através da Geologia e da Geomorfologia, descobrir suas riquezas minerais e a vida como fora no passado – com dinossauros e tudo o mais; e havia também as maravilhas das regiões florestais, das savanas e das áreas geladas polares e muito mais! E, naturalmente o homem ali a viver, agir e interagir no meio desde há milênios usufruindo da multiplicidade de formas, luzes, cores que o planeta Azul lhe oferecia. Eu descobri o planeta Terra. O mundo que eu conhecia ganhou novas dimensões. O sentimento despertado foi de admiração e desejo de conhecer cada vez mais. Não parei mais de estudar. Gosto de ler e de reler aqueles “velhos livros” hoje ignorados e substituídos pelas famigeradas apostilas.
Aliás, nas últimas décadas, a geografia e a história foram transformadas em ciências da área humana com temas doutrinários ideológicos – uma para julgar personagens da história, e a outra com um apelo sócio econômico ideológico prejudicando o verdadeiro conhecimento de ambas as ciências. Esta postura está roubando dos jovens estudantes a oportunidade de aprender uma das mais belas matérias do currículo escolar. Na verdade faltam professores capacitados na área. Assim,a decadência do ensino da geografia caminha a passos largos para que se transforme em uma Ciência Oculta, ou seja, só para “iniciados”. Se somarmos a isto o fato que ela contém uma terminologia própria e que a língua portuguesa vem sendo massacrada nas escolas, a coisa fica realmente séria.
A Geografia deve ser ensinada e estudada como base para muitas outras áreas do conhecimento tanto por jovens que desejem cursar Medicina, como Engenharia, Agronomia, Climatologia, Jornalismo, Sociologia, além naturalmente de outras áreas como Antropologia, Etnografia, Ciências Econômicas, etc., ou seja, todas as áreas que exigem conhecimentos do planeta Terra.
Lendo um artigo na internet sobre a perspectiva da Amazônia se transformar em savana, essa sensação se acentuou. Citando uma das autoras da tese (Milena Holmgren), diz o artigo: -“No entanto é surpreendente quão pouco entendemos as condições que determinam a existência de florestas, savanas e desertos”. Por coincidência havíamos postado no Shvoong.com (Sanmys Summaries, Synopses & Abstracts) o texto “O CERRADO BRASILEIRO” baseado em Simpósios sobre o Cerrado (1963/1977) publicado na Revista Brasileira de Geografia (USP). Lá estava explicado como a Amazônia que já foi cerrado se transformou em floresta. E que o Cerrado Brasileiro é assim desde o Pleistoceno Superior devido aos micronutrientes encontrados no solo, e não devido ao clima como se tem afirmado. A relação solos-nutrientes e vegetação é o segredo. É mais fácil o cerrado se transformar em floresta se houver mudanças mesologicas como ocorreu no passado amazônico, do que a floresta virar cerrado. As diferentes paisagens vegetais estão adaptadas ao tipo de solo e seus micronutrientes. As pesquisas apontam para esse fato há tempo. É só ir a campo e comprovar. Caso contrário terEmos que ver e ouvir profissionais confessando sua ignorância como ocorreu com aquele geólogo do Rio de Janeiro que não entendia como a encosta florestada deslizou morro abaixo levando tudo pela frente.
E por falar em pesquisa de campo, ela praticamente inexiste no Brasil.
Não me considero a dona da verdade. Apenas tive mais sorte que os estudantes das últimas gerações no curso que tivemos o “privilégio” de fazer há 50 anos!
Vale a pena estudar e conhecer nosso cantinho Azul no Universo.
