Quantas pessoas estiveram nas
manifestações ontem pelo Brasil afora? Os números divulgados não refletem a
realidade, pois milhares de cidadãos que não foram para a rua ontem pensam
exatamente como aqueles que compareceram às manifestações.
A crise de representatividade é real. Esse governo
que aí está perdeu a credibilidade; ele não representa o povo. Foi constituído à
moda do velho caudilhismo* que dominou na América Latina e que insiste em
ressurgir.
Na história do continente temos muitos exemplos de políticos que conquistavam o poder em nome da “liberdade” e
o conservavam por meio da ditadura;
faziam de tudo para permanecer no poder – tornavam-se Caudilhos*. Nas palavras
de Oliveira Lima “o que avulta de mais
importante na psicologia dos caudilhos é que sendo invariavelmente
constitucionais na oposição, ficam déspotas logo que galgam o poder”.
Venezuela, Bolívia, Cuba, Equador, etc., trilham
pelos tortuosos caminhos ditatoriais (caudilhistas) no vale tudo de mudanças das
leis conforme o interesse de quem se instala no poder – os últimos governos no
Brasil têm adotado uma linha semelhante, em particular nas últimas décadas. As manobras
para permanecer no poder vão das ‘reformas administrativas’ desde 1991, por
exemplo, em que foram ampliando os benefícios com cargos e agrados aos aliados
do governo, até ao uso da máquina estatal em benéfico próprio como o Mensalão e
o Petrolão investigado pela operação
Lava Jato.
Os pedidos de impeachment,
anulação das eleições, ou renúncia são um desabafo claro do descontentamento a
que se chegou contra o governo que já não governa. A Nação brasileira não pode
permanecer à mercê de um impasse político, sob pena de agravar a situação já
delicada.
É preciso uma mudança
radical nas regras para limitar o poder do governo central e coibir a tirania
de governantes incompetentes. Para tal, basta descentralizar o poder, dando mais
autonomia aos Estados e Municípios.
Descentralizar
o poder! Acabar com o monopólio dos cofres públicos nas mãos do governo
central. Cada Estado tem riquezas para ser auto-suficiente e participar da
economia do país num livre comércio nacional, inter-regional e interestadual –
e, por tabela, internacional.
Um pacto federativo para reorganizar a nação
brasileira e libertar-se dos candidatos a ditadores / caudilhos é a solução
viável, democrática, responsável. Somos 27 unidades federativas > o que
equivale a uma União Européia.
Não basta trocar
o comando central. É preciso retirar de suas mãos o controle da economia – que acabou por contaminar todos os setores da
nação.
O recado das
ruas foi dado de forma pacífica e honesta. Chegou a hora de abrir um novo
capítulo na história do Brasil, encerrando o ciclo vicioso do poder corrupto e
incompetente.
*CAUDILHISMO - forma de ditadura que
predominou na América Latina.
Caudilho = chefe militar ou civil; espécie de “mandachuva”; chefe.