quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

DISCURSOS DIPLOMÁTICOS DE CHEFES DE ESTADO E A REALIDADE DE UM POVO - (CUBA x EEUU). O JOGO ESTÁ JOGADO!


- Enquanto o ‘Urso Siberiano’ vai hibernar após muitas trapalhadas, a ‘Águia Americana’ faz seu voo rumo ao Caribe. Todo estrategista sabe que para vencer uma batalha, primeiro é preciso recuar.
Foi o espírito natalino e de confraternização cristã, ou mais um ato político entre duas nações? 
- O discurso da aproximação diplomática (17/12/2014) entre Cuba e EEUU, apanhou o mundo de surpresa, mas soou orquestrado. Muitas perguntas ficam no ar. Uma delas é se terá efeito dominó na América Latina, como uma espécie de ‘queda do muro do Caribe’, desarticulando o movimento bolivariano liderado pela Venezuela.

Sem dúvida o fato histórico  marcará um novo tempo para o sofrido povo cubano. Mas que ninguém se iluda de que o progresso e a antiga prosperidade da ilha cubana vão voltar como num passe de mágica após mais de meio século de dominação. Cuba foi uma ilha privilegiada no contexto das nações da América Latina aonde, o progresso e todas as inovações do fim do século XIX e primeira metade do século XX, chegaram primeiro.  E, de contra peso, sempre haverá os que se acomodaram ao sistema e continuarão com a filosofia do ‘da me pan y llamame de tonto’. São três gerações que nasceram na ilha sob o regime comunista onde produzir, comercializar o que produz e ter uma atividade econômica que lhes dê independência do Estado é crime. Cabe ao povo cubano, após tantos anos de repressão e proibições, onde o Estado é o senhor de tudo, mostrar que está em condições de caminhar com os próprios pés.

A noticia, em Cuba, não teve comemorações. Opiniões e comentários publicados no Jornal virtual ’14 Y Medio’ – da blogueira cubana Yoani Sánchez - sobre as reações do povo cubano na ilha ao anuncio dos presidentes (Obama e Raul Castro) sobre o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, vão da esperança por um novo tempo, ao descrédito e indiferença de um povo sofrido e desiludido. Chamou a atenção o contundente desabafo de cidadãos que denunciam os irmãos Castro por mentirem tanto tempo sobre ‘o inimigo’ que nunca existiu; e acusando que, o inimigo contra o qual eles promovem guerra continuada, é o cidadão cubano. Uma pergunta que os analistas políticos fazem é como Cuba vai conseguir viver sem um inimigo para justificar seus fracassos. O que tem ocorrido é ‘BATALHA DE IDÉIAS’ imposta pelo regime cubano que já se estendeu à Venezuela com o intuito de dominar a América Latina. Lembremos do Foro de São Paulo e da UNASUL.
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 Raul Castro já disse que o sistema político comunista não muda! Portanto, o ato de reatar relações diplomáticas não significa fim de uma ditadura de 54 anos. Muito pelo contrário – poderá até fortalecê-la, como alguns exilados cubanos disseram em suas manifestações em Miami, pois, para eles, o gesto de Obama representou o reconhecimento do regime em vigor na ilha.
Por enquanto fica a impressão de que foi um gesto diplomático com ares humanitários com troca de prisioneiros. Se houver independência econômica dos trabalhadores, estes naturalmente pleitearão independência política e isso não interessa ao Estado Totalitário Castrista, caso contrário já teria feito a abertura do debate, permitindo a real participação popular no governo com alternância de poder. Os instrumentos de dominação continuarão. O endurecimento mental é uma realidade incontestável.
O mundo de hoje não é mais o de meio século atrás. O salto a fazer é grande, especialmente reformular conceitos em relação ao ‘inimigo’ de tantos anos; por enquanto a maior parte da população da ilha ainda está mantida à margem dos acontecimentos sem acesso à informação, liberdade plena de ir e vir, de escolher seus dirigentes...

E o Papa Francisco, que foi um dos articuladores para que EEUU e Cuba voltassem a se comunicar, fez um ‘Responso’ em regra ao alto clero. Responso merecido e que se aplica em gênero, numero e grau aos desmandos que corroem a política nacional, e aos donos do poder que se julgam insubstituíveis, se outorgando o direito de ‘dirigir’ a vida das pessoas e o destino das Nações. Ele (o Papa) pode não entender de política, mas entende de comportamento humano. Sua fala traduz bem o momento. A escravidão se perpetua através dos tempos – só muda o nome dos dominadores, o local, a data do calendário e a forma de aplicá-la.


Que o brilho das luzes natalinas ilumine o caminho dos povos e que os cânticos abrandem os corações e desarmem os espíritos embrutecidos pelas vaidades do poder. Ninguém é eterno ou insubstituível!  O jogo está jogado e está apenas começando.