- Enquanto
o ‘Urso Siberiano’ vai hibernar após muitas trapalhadas, a ‘Águia Americana’
faz seu voo rumo ao Caribe. Todo estrategista sabe que para vencer uma batalha,
primeiro é preciso recuar.
Foi o
espírito natalino e de confraternização cristã, ou mais um ato político entre
duas nações?
- O discurso da aproximação diplomática (17/12/2014) entre Cuba e
EEUU, apanhou o mundo de surpresa, mas soou orquestrado. Muitas perguntas ficam
no ar. Uma delas é se terá efeito dominó na América Latina, como uma espécie de
‘queda do muro do Caribe’, desarticulando o movimento bolivariano liderado pela
Venezuela.
Sem dúvida
o fato histórico marcará um novo tempo
para o sofrido povo cubano. Mas que ninguém se iluda de que o progresso e a
antiga prosperidade da ilha cubana vão voltar como num passe de mágica após mais
de meio século de dominação. Cuba
foi uma ilha privilegiada no contexto das nações da América Latina aonde, o
progresso e todas as inovações do fim do século XIX e primeira metade do século
XX, chegaram primeiro. E, de
contra peso, sempre haverá os que se acomodaram ao sistema e continuarão com a
filosofia do ‘da me pan y llamame de tonto’. São três gerações que nasceram na ilha sob o
regime comunista onde produzir, comercializar o que produz e ter uma atividade econômica
que lhes dê independência do Estado é crime. Cabe ao povo cubano, após
tantos anos de repressão e proibições, onde o Estado é o senhor de tudo, mostrar
que está em condições de caminhar com os próprios pés.
A noticia,
em Cuba, não teve comemorações. Opiniões e comentários publicados no Jornal
virtual ’14 Y Medio’ – da blogueira cubana Yoani Sánchez - sobre as reações do
povo cubano na ilha ao anuncio dos presidentes (Obama e Raul Castro) sobre o
restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, vão da
esperança por um novo tempo, ao descrédito e indiferença de um povo sofrido e
desiludido. Chamou a atenção o contundente desabafo de cidadãos que denunciam os
irmãos Castro por mentirem tanto tempo sobre ‘o inimigo’ que nunca existiu; e acusando
que, o inimigo contra o qual eles promovem guerra continuada, é o cidadão
cubano. Uma pergunta que os analistas políticos fazem é como Cuba vai conseguir
viver sem um inimigo para justificar seus fracassos. O que tem ocorrido é ‘BATALHA
DE IDÉIAS’ imposta pelo regime cubano que já se estendeu à Venezuela com o
intuito de dominar a América Latina. Lembremos do Foro de São Paulo e da
UNASUL.
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é que não faltarão. Não existe almoço grátis, senhores...
Raul Castro já disse que o sistema político
comunista não muda! Portanto, o ato de reatar relações diplomáticas não
significa fim de uma ditadura de 54 anos. Muito pelo contrário – poderá até
fortalecê-la, como alguns exilados cubanos disseram em suas manifestações em
Miami, pois, para eles, o gesto de Obama representou o reconhecimento do regime
em vigor na ilha.
Por enquanto fica a
impressão de que foi um gesto diplomático com ares humanitários com troca de
prisioneiros. Se houver independência econômica dos trabalhadores, estes
naturalmente pleitearão independência política e isso não interessa ao Estado
Totalitário Castrista, caso contrário já teria feito a abertura do debate,
permitindo a real participação popular no governo com alternância de poder. Os
instrumentos de dominação continuarão. O endurecimento mental é uma realidade
incontestável.
O mundo de hoje não é mais
o de meio século atrás. O salto a fazer é grande, especialmente reformular
conceitos em relação ao ‘inimigo’ de tantos anos; por enquanto a maior parte da
população da ilha ainda está mantida à margem dos acontecimentos sem acesso à
informação, liberdade plena de ir e vir, de escolher seus dirigentes...
E o Papa
Francisco, que foi um dos articuladores para que EEUU e Cuba voltassem a se
comunicar, fez um ‘Responso’ em regra ao alto clero. Responso merecido e que se
aplica em gênero, numero e grau aos desmandos que corroem a política nacional, e
aos donos do poder que se julgam insubstituíveis, se outorgando o direito de
‘dirigir’ a vida das pessoas e o destino das Nações. Ele (o Papa) pode não
entender de política, mas entende de comportamento humano. Sua fala traduz bem
o momento. A escravidão se perpetua através dos tempos – só muda o nome dos
dominadores, o local, a data do calendário e a forma de aplicá-la.
Que o brilho das luzes
natalinas ilumine o caminho dos povos e que os cânticos abrandem os corações e
desarmem os espíritos embrutecidos pelas vaidades do poder. Ninguém é eterno ou
insubstituível! O jogo está jogado e
está apenas começando.