Conheci o Brasil da era Vargas, da era
JK, da era do Regime Militar. Todos eles, ao
terminar, permitiram uma renovação nos quadros políticos. O atual momento
oscila entre uma crise política, institucional, econômica, de valores e a falta
de um programa efetivo para promover as reformas necessárias ao país.
O grande erro quando da anistia e da
abertura política no Brasil pós ditadura militar (1964/86) foi permitir que
pessoas envolvidas nos atos ditos ‘revolucionários em defesa da democracia’- que de democráticos nada tinham - assumissem cargos para os quais não tinham preparo psicológico nem intelectual.
Tudo foi realizado no ‘emocional’ particular para chegar ao poder. Foi nessa
tônica que se desenrolaram todos os governos seguintes: José Sarney (PMDB) que
substituiu Tancredo Neves, Fernando Collor de Mello que renunciou e sofreu
impeachment, substituído pelo vice Itamar Franco, seguido por Fernando Henrique
Cardoso PSDB (2 mandatos) e Luiz Inácio Lula da Silva(2 mandatos) a atual Dilma
Rousseff iniciando o segundo mandato- ( ambos do PT). A espiral dos resultados dos governos tem sido em prejuízo da Nação.
À falta de um projeto de trabalho em
prol do conjunto da nação, cada governante e seus aliados têm preenchido o
tempo de mandato com explicações,
promessas, acusações, conchavos políticos, corrupção, uso do Estado em
benefício próprio e do partido, viagens nababescas como se vivessem de férias
permanentes, etc. Não sobra tempo para governar.
O povo cansou. O governo foi apanhado
de surpresa com os panelaços do dia 8 de março durante a fala da presidente
Dilma. Foi apanhado de surpresa com a massiva presença do povo na gigantesca
manifestação ocorrida no dia 15 onde ficou claro quem são os verdadeiros
trabalhadores do Brasil. O ‘fora Dilma’, fora PT, basta de corrupção -
desmentiu a previsão de que só os ricos e as elites brancas é que estão
descontentes. A paciência do brasileiro acabou. A classe política que está aí
perdeu credibilidade, perdeu o apoio popular, perdeu a capacidade de governar.
O único projeto é o de permanecer no poder a qualquer preço.
Políticos da vez dizem que não adianta
trocar de governante, nem se troca de governo como se troca de camisa.
Concordo. Mas não adianta querer por
remendo novo em camisas velhas (sic). É preciso, sim, trocar, substituir por
algo novo. Renovação dos quadros políticos e da forma de governo sem traumas
institucionais.
Faltam lideranças que negociem com
quem está no poder? Faltam. Na política praticada no país vive-se o
imediatismo. A falta de princípios éticos transformou a política e os políticos
em um mundo sem referencias ou parâmetros de comportamento desligados da
realidade. É isso que precisa urgentemente ser sanado.
Querer ou pedir a saída dos corruptos
e dos incompetentes no poder não é golpismo. O povo que saiu às ruas está usando
o seu direito ao reivindicar o fim do que está aí e o começo de uma nova era na
política nacional. A fala da presidente
Dilma em nada melhorou o quadro nacional. Persiste o emocional particular em
prejuízo da verdade. Quem não viveu a época compra a meia verdade do discurso
praticado.
Foi bonito de se ver o povo nas ruas
neste dia 15 de março de 2015. A história do mundo e do país já passou por momentos marcantes que aconteceram de forma
inesperada e mudaram os rumos dos povos e da nação. O Brasil e os países da
América Latina passam por uma espécie de purgação, onde o que se tornou
obsoleto deverá dar lugar a algo realmente novo. Isso passa pelo fim das classes políticas
atuais.
A pergunta é: - Terão os políticos,
não só do Brasil, mas também dos países Latinos (Venezuela, Cuba, Argentina,
etc.), a grandeza para se libertar das vaidades pessoais e demonstrar apreço e
respeito pela democracia abrindo mão de cargos e posições de mando para dar
lugar a projetos que atendam o conjunto da Nação?