quarta-feira, 18 de março de 2015

EDUCAÇÃO DO HOMEM INTEGRAL


- "Ninguém pode educar alguém. Alguém só pode educar-se a si mesmo".(Huberto Rohden*)

- "Educação do Homem Integral" – é um texto destinado ao educador visando incutir-lhe a compreensão profunda da arte de educar, que é muito diferente daquilo que os governos praticam, através do Ministério da Educação, ou das Igrejas.
Os governos visam à instrução, enquanto que as Igrejas se preocupam com conceitos de moralidade do agir. Ambos falham esquecendo que o educando é um ser em crescimento e que a verdadeira educação leva ao autoconhecimento e auto-realização.
O livro em questão é apresentado como um manual de auto-realização. E a filosofia individual não é organizável como base de uma educação oficial, pois ela exige uma pedagogia diferente. O autor  parte do princípio de que é a Educação uma espécie de indução realizada por um educador plenamente realizado, isto é, sua conduta é que influenciaria beneficamente os educandos.
 -  "Ninguém pode educar alguém. Alguém só pode educar-se a si mesmo" . Com essas palavras o autor demonstra que toda verdadeira educação só pode ser intransitiva, ou reflexiva, subjetiva. O Mestre só pode mostrar o caminho, através do qual o aluno pode se auto-educar. Cabe a cada um através do livre arbítrio aceitar ou não; ou seja, é necessário que haja receptividade.
 Descobrir fatos fora de nós é Instrução - prepara para a vida profissional; Educação é a realização das qualidades que fazem parte do "Eu" e envolve autoconhecimento. A educação é ação indireta. A arte de educar consiste em descobrir e despertar as potencialidades adormecidas. Ciência e arte, autoconhecimento e auto-realização aliadas a talento e intuição geraram um processo de magnetismo entre educador e educando, realizando o processo educativo.
Hoje a instrução unilateral de valores materiais é a responsável pelo estado de crise existencial das pessoas, pois os valores do Eu não foram desenvolvidos. O desequilíbrio comportamental dos jovens e da sociedade é o resultado. Falta a visão ampla da verdadeira existência individual total regida pelas leis Cósmicas. Esta visão é uma experiência interna, intransferível.
Segundo Einstein os valores que dão sentido à vida "vem de outra região" - são a alma do Universo. A consciência é o eco desses valores e exige obediência; uma pessoa educada pela consciência dos valores dará equilíbrio, paz e harmonia à sociedade e ao mundo. Todo educador deve eduzir, despertando os valores positivos, bons, levando o educando a aceitá-los em seu livre arbítrio mesmo que signifique perda ou sofrimento ao ego. Qualquer prêmio ou castigo é antipedagógico.
A moderna pedagogia que libera o comportamento deixando cada um livre para agir e assim evitar "frustrações" gerou pessoas inseguras, desequilibradas. "Castigo" para melhorar é recomendável; punir para fazer sofrer é imoral. Proibições devem ser apresentadas como forma racional, compreensíveis e benéficas.
Deve o educador falar em Deus? - Sim, quando a ideia equivale ao conceito do Filósofo Spinoza (Deus é alma do Universo), ou como Paulo - "Deus é aquele no qual vivemos...", onde o conceito não é limitado a uma pessoa ou individualidade.
Meditação consiste em desligar-se da dispersividade social, praticando a interioridade, a fim de orientar a vida diária, num encontro consigo mesmo que ajuda a melhorar todos os setores da vida, ao abrir-se para a Fonte Infinita.
No capítulo - "Origem e Natureza do Homem" – o autor  fala do aparecimento do homem sobre a terra como uma creatura potencialmente humana - um ser humano num corpo animal, dotado de espírito e matéria. - "Deus creou o Homem o menos possível para que o homem pudesse crear o mais possível". A tarefa do homem é a de estabelecer a harmonia e o equilíbrio entre a sua natureza Divina e a animal. Cabe à Educação estabelecer essa harmonia e equilíbrio, realizando o Homem Integral.
Alerta para o sistema educativo antipedagógico do ‘prêmio x castigo’, em prática, que levou ao desequilíbrio, ao caos, à violência, à desordem, ao terrorismo... Condena o sistema educacional que pratica uma espécie de "cobaísmo", destacando: - a)  a  adoção de teorias psicológicas ultrapassadas, b) a orientação sexual nas escolas; c)  as teorias de Skinner negando o livre arbítrio;  d) a indisciplina permissiva para evitar traumas e complexos,  esquecendo que a criança e o adolescente têm predomínio do instinto cego que deve ser disciplinado pela razão do adulto. Além do mais, tudo isso foi agravado com a troca da cultura européia pela americana, sem bases sólidas, esquecendo que o homem não é uma justaposição mecânica de corpo e alma; ele é um intercâmbio orgânico entre corpo e alma.
A dispersividade cada vez maior leva a educação a nadar contra a corrente. Liberdade com responsabilidade em conjunto com realização e aperfeiçoamento levam a descobertas e à  conquista da verdadeira felicidade inerente à própria substância do verdadeiro Eu.
Lembra que Céu e Inferno são estados de espírito de cada um, não prêmio ou castigo futuro. Segundo o Bhagavad Gita o Ego é o maior inimigo do Eu. A integração do Eu com o Ego determina o equilíbrio perfeito que uma Educação adequada pode oferecer.

Conclusão: - Toda sociedade é produto do Ego e seu campo é apenas "produtivo", enquanto que o Eu é ‘creativo’. A alo-educação se atém à faixa do Ego e da Lei, e não na do Eu e da Justiça. O direito é do Ego, e a Justiça é do Eu. O maior bem que se pode fazer em termos educacionais é realizar a própria auto-realização porque, o ser bom, leva a fazer o bem, queira ou não.

*Huberto Rohden – filósofo e educador, escritor e conferencista, dedicou sua vida ao estudo e à divulgação da Filosofia Universica tomando por base do pensamento da vida humana, a constituição do próprio Universo evidenciando a afinidade entre a Matemática, Metafísica e Matéria. Em sua estadia na universidade de Princeton – Estados Unidos – conviveu com Albert Einstein.