segunda-feira, 23 de março de 2015

NO COMEÇO DO MEU CAMINHO HAVIA UMA DITADURA... E VÁRIAS OUTRAS PELA FRENTE.


Meu mundo infantil era dividido entre um espaço físico brasileiro e um espaço familiar, social e cultural predominantemente hispânico. Tudo muito natural para uma criança. Uma conversa de adulto aqui, outras acolá, ouvidas ao acaso, eu começava a perceber que o mundo adulto era complexo; havia lutas armadas, revoltas, revoluções, guerras, ditaduras, golpes, etc., mas como tudo estava distante, não nos afetava diretamente. No Brasil era o Estado Novo sob o governo Getúlio Vargas. - ‘Pingo, Tordilho Belgrado, bem assim como me vês montado... ’ era o refrão popular narrando a cavalgada desde o Rio Grande do Sul até o Catete (RJ) – tudo muito folclórico.

Fui alfabetizada em casa, praticava caligrafia, pequenas cópias, tabuada, etc.; entendia um pouco da língua pátria, mas ainda não sabia falar o idioma; chegou o dia de ir para a escola onde meus irmãos já estudavam e fui informada que lá eu precisava falar na língua oficial do Brasil - o português. Afinal, eu era brasileira, porque havia nascido no Brasil. Prática e objetiva, propus: - ‘Vamos mudar para a Espanha’ – era só passar ‘el charco de buque a vapor’ como ouvira mais de uma vez meu avô contar sobre a vinda da família para o Brasil. Meu pai, pacientemente explicou que fazia muito tempo que a família emigrara para o Brasil onde  havia construído uma vida, e que, além do mais, na Europa havia muitas dificuldades por conta das guerras (1ª. e 2ª. ) e que na Espanha havia uma ditadura radical, a do generalíssimo Franco. E concluiu – aqui, ainda é muito melhor para se viver.

Aprendi a falar português e não se falou mais nisso.

As Escolas que tive oportunidade de frequentar ofereciam um ambiente propício ao aprendizado com professores valorizados e isso me motivou a aprender muitas outras coisas. Ditaduras e governos se sucederam pelo país e pelo mundo. Em nada nos afetaram porque seguimos o principio de que a Nação está acima das pessoas que queiram impor suas tiranias.

Em meu mundo sempre houve liberdade de pensamento, respeito pelos valores e sentimento individuais, e oportunidade de crescer economicamente através de um trabalho honesto e produtivo. 

A ditadura na Espanha foi substituída pela Monarquia Constitucionalista. O Brasil teve seu momento de repressão aos berrinches que ora estão aí agarrados ao ‘osso’. Urge uma mudança de regime político; pode ser o parlamentarismo, e até a restauração da monarquia, uma vez que a Republica sofre de velhice prematura.

Ah! Sim. ‘El charco’> o Oceano Atlântico – um dia fiz um lindo passeio de navio para ver sua imensidão e beleza. Fui conhecer o Brasil em toda sua extensão exatamente no tal período denominado de ‘anos de chumbo’; não vi repressão, nem desordens, mas um povo trabalhador  ciente de sua nacionalidade. Sair do país? Continuo aqui.

Setenta anos depois o tema não mudou. Guerras, revoltas, manifestações, protestos, e mais as ditaduras, entre elas as  autodenominadas de ‘democrácias’ à moda Cubana, Venezuelana, Boliviana, Argentina, e Brasileira inclusive... Todas elas com um traço em comum: realizam eleições para se perpetuar no poder. Mudou a forma, não o conteúdo. Pacotes anticorrupção? -  tudo para inglês ver.


Meu sonho de brasileira que acredita nas instituições democráticas é: FIM da impunidade em todos os níveis