Relendo um livro sobre a vida
de Gandhi nos deparamos com um capitulo onde o autor fala sobre a perfeita
inofensibilidade do eminente personagem que marcou época com sua ‘não
violência’ e ‘verdade’. Ele também havia atingido o estágio de
inofensibilidade. Segundo suas palavras: -‘Nada tenho a perdoar, porque
nunca ninguém me ofendeu’. – ele havia atingido a libertação de si mesmo e
conquistara um estágio evolutivo muito além do ‘vingar’ dos viciosos e para
além do ‘perdoar’ dos virtuosos.
Quando ouvimos recentemente o
Papa Francisco dizer que se alguém xingasse a mãe dele ele daria um soco, todos
se espantaram. Nas palavras de Gandhi a não violência não implica em fugir da
realidade e deixar sem proteção os que nos são caros. E diz mais: - ‘Na
alternativa entre a violência e a fuga covarde só posso preferir a violência à
covardia’.
A vida humana é uma série de
responsabilidades e nem sempre é fácil fazer na prática o que na teoria se
enxergou como verdade. Há princípios eternos que não admitem compromisso; a não
violência é a lei da espécie humana, assim como a violência é a lei do bruto.
Quão distante dessa conduta
superior (não de superioridade) está a sociedade como um todo sob todas as suas
formas de atuação! Em particular os setores que flertam com a corrupção, com o
bolivarismo, com o viver à custa do Estado – ou melhor, dizendo, à custa do
verdadeiro trabalhador.
A bandeira levantada pelos
grupos sociais, de caráter ideológico, vão contra os princípios éticos e os
valores humanos ao transformar seus seguidores em uma arma; na verdade não estão interessados em melhorar as condições de vida de ninguém. Uma das grandes lutas de Gandhi, por exemplo,
gira em torno dos ‘párias’ ou os ‘intocáveis’ – a casta inferior da Índia. No
mundo ocidental os conflitos envolvendo a segregação social, racial, religiosa
e outras como as de ‘gênero’ são uma realidade cada um com suas bandeiras e
reivindicações. Porém, há uma grande
diferença entre as ‘castas’ entre os hindus e as ‘classes’ do mundo ocidental.
No Oriente, em geral, acredita-se firmemente na reencarnação, e na
transmigração da alma para animais, daí o grande respeito que tem pelos
animais, em particular para com a vaca considerada sagrada. Há que se entender
sua cultura.
No mundo ocidental não se
justifica o atual discurso das esquerdas, no estilo da Europa Medieval onde as
‘classes’ > nobreza e aristocracia & burguesia dividiam a sociedade de
forma em que uma não se misturava com a outra por motivos religiosos ou por
motivos de preconceito social. Nascer, por exemplo, numa família de ‘párias’,
para os orientais, faz parte de seu destino cármico. Em nosso mundo ocidental
os conceitos são outros envolvendo antipatias sociais ou emocionais; falta
formação e informação sobre os verdadeiros valores humanos universais
independentes de origem, crença e filosofias de vida.
Muitos representantes da
espécie humana estão em permanente atitude de alerta, prontos para o ataque e
defesa criando um círculo vicioso entre o discurso e a ação violenta
realimentado por uma falta de agenda positiva que só se adquire através do conhecimento e da educação. A conveniência sempre fala
mais alto. Há uma frase que era dita como justificativa por antipatizar com outra pessoa, e que ilustra a
conduta de baixa moralidade e de conveniência predominante em nossos dias: ‘Nossos santos não combinam’.
Legitima defesa é uma coisa. Violência
é outra. O espírito dormente no irracional não conhece outra lei senão a força.
Já, a dignidade do homem exige obediência à lei superior – a do Espírito.
-‘Não
tenho consciência de ter praticado em minha vida um único ato por motivo de
conveniência; antes tenho a convicção de que a mais alta moralidade é a mais
alta conveniência. ’ – declarou
Gandhi.