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"Ninguém pode educar alguém. Alguém só pode educar-se a si mesmo".(Huberto Rohden*)
- "Educação do Homem
Integral" – é um texto destinado ao educador visando incutir-lhe a
compreensão profunda da arte de educar, que é muito diferente daquilo que os
governos praticam, através do Ministério da Educação, ou das Igrejas.
Os governos visam à
instrução, enquanto que as Igrejas se preocupam com conceitos de moralidade do
agir. Ambos falham esquecendo que o educando é um ser em crescimento e que a
verdadeira educação leva ao autoconhecimento e auto-realização.
O livro em questão é
apresentado como um manual de auto-realização. E a filosofia individual não é
organizável como base de uma educação oficial, pois ela exige uma pedagogia
diferente. O autor parte do princípio de
que é a Educação uma espécie de indução realizada por um educador plenamente
realizado, isto é, sua conduta é que influenciaria beneficamente os educandos.
- "Ninguém
pode educar alguém. Alguém só pode educar-se a si mesmo" . Com essas
palavras o autor demonstra que toda verdadeira educação só pode ser
intransitiva, ou reflexiva, subjetiva. O Mestre só pode mostrar o caminho,
através do qual o aluno pode se auto-educar. Cabe a cada um através do livre
arbítrio aceitar ou não; ou seja, é necessário que haja receptividade.
Descobrir fatos fora de nós é Instrução
- prepara para a vida profissional; Educação é a realização das
qualidades que fazem parte do "Eu" e envolve autoconhecimento. A
educação é ação indireta. A arte de educar consiste em descobrir e despertar as
potencialidades adormecidas. Ciência e arte, autoconhecimento e auto-realização
aliadas a talento e intuição geraram um processo de magnetismo entre educador e
educando, realizando o processo educativo.
Hoje a instrução unilateral
de valores materiais é a responsável pelo estado de crise existencial das
pessoas, pois os valores do Eu não foram desenvolvidos. O desequilíbrio
comportamental dos jovens e da sociedade é o resultado. Falta a visão ampla da
verdadeira existência individual total regida pelas leis Cósmicas. Esta visão é
uma experiência interna, intransferível.
Segundo Einstein os valores
que dão sentido à vida "vem de outra região" - são a alma do
Universo. A consciência é o eco desses valores e exige obediência; uma pessoa
educada pela consciência dos valores dará equilíbrio, paz e harmonia à
sociedade e ao mundo. Todo educador deve eduzir, despertando os valores
positivos, bons, levando o educando a aceitá-los em seu livre arbítrio mesmo
que signifique perda ou sofrimento ao ego. Qualquer prêmio ou castigo é
antipedagógico.
A moderna pedagogia que
libera o comportamento deixando cada um livre para agir e assim evitar
"frustrações" gerou pessoas inseguras, desequilibradas.
"Castigo" para melhorar é recomendável; punir para fazer sofrer é
imoral. Proibições devem ser apresentadas como forma racional, compreensíveis e
benéficas.
Deve o educador falar em
Deus? - Sim, quando a ideia equivale ao conceito do Filósofo Spinoza (Deus é
alma do Universo), ou como Paulo - "Deus é aquele no qual
vivemos...", onde o conceito não é limitado a uma pessoa ou
individualidade.
Meditação consiste em
desligar-se da dispersividade social, praticando a interioridade, a fim de
orientar a vida diária, num encontro consigo mesmo que ajuda a melhorar todos
os setores da vida, ao abrir-se para a Fonte Infinita.
No capítulo - "Origem e
Natureza do Homem" – o autor fala
do aparecimento do homem sobre a terra como uma creatura potencialmente humana
- um ser humano num corpo animal, dotado de espírito e matéria. - "Deus creou o Homem o menos possível
para que o homem pudesse crear o mais possível". A tarefa do homem
é a de estabelecer a harmonia e o equilíbrio entre a sua natureza Divina e a
animal. Cabe à Educação estabelecer essa harmonia e equilíbrio, realizando o
Homem Integral.
Alerta para o sistema educativo
antipedagógico do ‘prêmio x castigo’, em prática, que levou ao desequilíbrio,
ao caos, à violência, à desordem, ao terrorismo... Condena o sistema
educacional que pratica uma espécie de "cobaísmo", destacando: - a) a
adoção de teorias psicológicas ultrapassadas, b) a orientação sexual nas
escolas; c) as teorias de Skinner
negando o livre arbítrio; d) a
indisciplina permissiva para evitar traumas e complexos, esquecendo que a criança e o adolescente têm
predomínio do instinto cego que deve ser disciplinado pela razão do adulto.
Além do mais, tudo isso foi agravado com a troca da cultura européia pela
americana, sem bases sólidas, esquecendo que o homem não é uma justaposição
mecânica de corpo e alma; ele é um intercâmbio orgânico entre corpo e alma.
A dispersividade cada vez
maior leva a educação a nadar contra a corrente. Liberdade com responsabilidade
em conjunto com realização e aperfeiçoamento levam a descobertas e à conquista da verdadeira felicidade inerente à
própria substância do verdadeiro Eu.
Lembra que Céu e Inferno são
estados de espírito de cada um, não prêmio ou castigo futuro. Segundo o
Bhagavad Gita o Ego é o maior inimigo do Eu. A integração do Eu com o Ego
determina o equilíbrio perfeito que uma Educação adequada pode oferecer.
Conclusão: - Toda sociedade é produto
do Ego e seu campo é apenas "produtivo", enquanto que o Eu é
‘creativo’. A alo-educação se atém à faixa do Ego e da Lei, e não na do Eu e da
Justiça. O direito é do Ego, e a Justiça é do Eu. O maior bem que se pode fazer
em termos educacionais é realizar a própria auto-realização porque, o ser bom,
leva a fazer o bem, queira ou não.
*Huberto
Rohden – filósofo e educador, escritor e conferencista, dedicou sua vida ao
estudo e à divulgação da Filosofia Universica tomando por base do pensamento da
vida humana, a constituição do próprio Universo evidenciando a afinidade entre
a Matemática, Metafísica e Matéria. Em sua estadia na universidade de Princeton
– Estados Unidos – conviveu com Albert Einstein.