Foi realizado mais um ENEM – (Exame Nacional do Ensino Médio) em todo o país para mais de 8,7 milhões de
estudantes(!). Dividido em duas etapas, o primeiro dia de provas teve questões
sobre Ciências da Natureza e Ciências Humanas. No domingo (09/11) foram
aplicados 90 testes de múltipla escolha e a temida redação que, mais uma vez, teve
como tema um assunto – Publicidade dirigida ao publico infantil - em que o
aluno tem que dar sua opinião em vez de avaliar conhecimentos.
Este exame serve para que? – Para
dar certificação do ensino médio? Nota para ingressar na Universidade? – Uma
coisa ou outra, não essa confusão.
O comentário de pessoas que já
passaram por essa avaliação, e que consideraram válida pela abrangência de
alunos, também apresentou uma critica muito
séria: - Na avaliação de uma jovem, o ENEM exige muita leitura sobre
atualidades principalmente, porém aquela base de que o aluno precisa para
cursar um ensino superior não é levada em consideração. E como profissional, o
que mais conta não são as generalidades, mas o conhecimento específico que é
adquirido gradativamente no ensino através de um conteúdo básico.
Outra critica ao tipo de avaliação
diz respeito ao fato de que muitas pessoas acabam ocupando o lugar de outras
que tem melhor preparo, mas que ficam fora dos cursos cujas vagas acabam sendo
atribuídas a pessoas sem o devido conhecimento uma vez que passam à frente com
as cotas para minorias.
O ensino no Brasil foi
transformado numa mistura de métodos sem método. Quando estudei e depois como
professora, cada série escolar sempre teve um currículo básico com conteúdos
ministrados de forma progressiva visando criar um conjunto de informações que o
aluno ia assimilando gradativamente. A cada ano, novos elementos se somavam ao
conteúdo básico inicial; se um aluno está
na 5ª. série, por exemplo, pressupõe-se que o professor pode acrescentar itens
novos, com maiores dificuldades a cada
ano vencido pelo aluno. Daí a importância da avaliação continuada.
Os comentaristas, críticos da educação, costumam
dizer que é preciso formar alunos com capacidade de avaliar, criticar, opinar e
que o ensino a moda antiga não supre essa formação. E chegam a ironizar dizendo que as aulas são
transferência do que está escrito no caderno do professor para o caderno do
aluno. Não concordo, pois trabalhei anos a fio com os mesmos alunos em séries
diferentes podendo acompanhar a evolução de cada um. Acontece que, para o aluno
poder avaliar e opinar, primeiro tem que receber a informação isenta de ideologismos.
Ocorre que o politicamente correto é que
está sendo priorizado com prejuízo de conteúdos básicos.
Os alunos chegam ao
ensino universitário e lá enfrentam a falta de uma base – e os professores
universitários tem que fazer adaptações para atender principalmente aqueles que
hoje são beneficiados com as bolsas – seja quais foram. A falta de mão de obra
qualificada em todos os setores é uma realidade, e ela passa por um escola de
melhor qualidade.
A falta de um currículo básico é
uma desonestidade para com o aluno, um entrave à melhoria do ensino e um
castigo para os professores que tem que fazer milagres. E consequentemente um
atraso para a sociedade. Não é por acaso que há um grande numero de pessoas com
diploma universitário trabalhando em setores que nada tem a ver com a sua
formação. Na verdade fica a duvida: compensa formar profissionais sem uma base só para poder dizer que se fez justiça social?
A Função primordial da Escola é a
transmissão de conhecimentos básicos da língua pátria, matemática, história,
geografia e ciências física e biológicas. No Brasil, sem um currículo básico, o
aluno tem que se adaptar ao que lhe é apresentado como o ‘ideal’ educacional e
repetir o discurso que lhe é imposto. A panaceia em que foi transformada a
escola impede que ela cumpra sua verdadeira função.
Dizer que ‘estamos atrasados, mas
já amadurecemos’ quando se trata de educação e democracia, é desconhecer que
vivemos um retrocesso continuo em ambos os itens.