-“Quem não se realiza,
se desrealiza”. (H. Rohden)
Violência,
guerras, lutas de dominação, agressões físicas ou verbais não são exclusividade
do mundo atual. A escola e a sala de aula tornaram-se palco de violência cada
vez mais frequente, tanto entre os próprios jovens como em relação aos
professores. As cidades, graças ao anonimato, se transformaram em cenários de guerra, onde morrem milhares de
jovens anualmente, não só no Brasil.
A educação
comportamental, uma constante através da forma
difusa praticada em sociedade ou em família, além das religiões ensinando
princípios éticos e morais, parece ter fracassado em setores da sociedade
provocando uma ruptura comportamental. Era da soma dessas práticas educativas que
decorriam a convivência respeitosa em
família, nas cidades ou entre os diferentes povos e nações.
Há normas
que nascem com os indivíduos que as aperfeiçoam, ou as relegam ao esquecimento.
Mas cada sociedade tem seus valores e princípios que podem ser estranhos a
pessoas com outros costumes.
Numa tribo
indígena, por exemplo, a educação é feita pelo grupo todo. As crianças, além dos pais biológicos, recebem
ensinamentos através da convivência com os demais adultos da tribo. E todos
aprendem a ser auto-suficientes.
Querer impor o ponto de vista civilizado a um
nativo, por exemplo, pode ser contraproducente para eles que cresceram dentro
de regras diferentes. Eles vivem (ou viviam) a sociedade do consenso, onde
ninguém delega poderes ou recebe ordens. Temos que aprender que há outras
formas de ver o mundo, de interagir, de se expressar e que devemos resgatar
nossos próprios valores considerados obsoletos por alguns descompromissados com
a sociedade em que vivem.
A
globalização da informação e a rapidez com que as novidades chegam até os
locais mais distantes desestabilizam as pessoas em sociedades outrora
equilibradas dentro de seus padrões culturais. Isso gera conflitos aos seus
membros que passam a fazer comparações tomando como parâmetro o que o outro tem e eles
não tem.
No chamado
mundo civilizado, o grupo familiar vem perdendo espaço. A família,
desestruturada por diversos motivos, e assediada pelo Estado que insiste em
substituir o poder pátrio, acabou desautorizada a corrigir e exigir dos filhos
a prática de condutas antes consideradas educativas e que os preparavam para a
vida.
Um jingle
atual diz: ‘Criança não trabalha; criança dá trabalho; criança precisa brincar;
criança precisa ser feliz... ’
– Certo! –
mas o que se está oferecendo a ela em substituição às pequenas rotinas de
antigamente? O que está levando aos jovens a ser tão violentos nas escolas? –
Quais as motivações que levam jovens a se engajarem em grupos radicais como
ocorre no mundo de hoje? E, mais uma pergunta que incomoda: - O índice de
suicídios em alguns países, como na Rússia, é produto do quê? Também há
noticias de aumento no índice de suicídios entre jovens indígenas...
Poderíamos
concluir que há um vazio de vida que leva a mortes de muitos jovens pelo uso de drogas, bebidas,
excesso de velocidade (motos, carros – transformados em ‘armas’), da contaminação
através de doenças propagadas pelo sexo, etc. O jovem em conflito interno, ao
não encontrar respostas para sua existência, negligencia valores e perde a
noção de si e de sua real importância como ser humano. Isso independe de etnia,
classe social, poder aquisitivo, oportunidades de estudo, etc.
A sabedoria
dos antigos diz: - ‘Mãos e mente desocupada é terreno para o mal se instalar.
’
Os jovens de
hoje estão ‘ocupados’ (viciados) com redes sociais. No passado, fazia parte da
cultura dos povos o ensino de uma profissão ao jovem, que, aos 18 anos de idade,
começava a sua vida financeira independente.
Assistindo a
uma entrevista com a magnífica Bibi Ferreira (Roda Viva), recordei parte de
minha infância. Minha mãe (espanhola), a exemplo da mãe da Bibi, primava pela
preocupação em, dentro das rotinas do dia a dia, incluir alguma tarefa útil ou o estudo e leituras
recreativas. Os contos infantis, inclusive de fadas, fizeram parte de nossa
infância. Tudo o que aprendi nessa época tem
sido muito útil sob todos os aspectos.
Atualmente os
contos, que falam à mente e a fantasia infantil, foram substituídos por
leituras realista onde as crianças acabam deprimidas e desiludidas; o mundo
luminoso da fantasia tão necessária à formação de sua personalidade e crescimento como cidadão, lhe
está sendo negado.
As
modernidades tecnológicas são apenas matéria descartável. O que as crianças e os
jovens vão levar para a vida são as experiências sadias, gratificantes que lhes
permita se realizar como ser humano.
‘Mente sã
em corpo sadio’ - um ensinamento que não perdeu a validade. E isso deve
começar desde a mais tenra idade respeitando a sensibilidade e individualidade.
A tecnologia
deu grandes saltos. A ciência realizou muitas descobertas e ofereceu inúmeras comodidades
materiais. No entanto se esqueceu das necessidades básicas do ser humano: disciplina com muito amor,
carinho, respeito, compreensão, valorização, educação que eleve a pessoa moral e espiritualmente dentro
de seu circulo familiar em primeiro lugar.
Em resumo, o
que falta é reconhecer que a criança e o jovem são seres humanos. É só consultar o DNA. E os
dotes que não são usados, deterioram.Tão simples!