Outro dia ao abrir o jornal EL Pais – em
castelhano – o tradutor não solicitado, apressadinho, passou o texto para o
português. Não correspondia ao idioma falado em Portugal, nem no Brasil, nem
era aquilo que chamamos de portunhol. Certamente era de algum outro país de
língua portuguesa, com a agravante de ignorar que a construção das frases em
castelhano não permitem uma tradução ao pé da letra. Demorei em entender o que
queriam dizer com ‘caso’ – e vejam vocês – no caso, o ‘caso’ era ‘boina’. Tão
simples, pois...
Assim vamos aprendendo. Tempos atrás, ainda nos
anos 90, num bate-papo sobre a dificuldade em aprender um idioma estrangeiro,
um dos participantes observou que há semelhanças entre inúmeros vocábulos em
português, francês, espanhol (castelhano), italiano, e até inglês.
Como gosto de estudar e queria recordar os
idiomas (castelhano e Francês e italiano) que usara na Faculdade e em casa, resolvi
dedicar algum tempo a verificar as semelhanças linguísticas, tanto por
curiosidade como por distração. Selecionei
alguns temas e organizei um vocabulário em português e fui traduzindo para o
castelhano, francês, italiano, inglês e esperanto (língua artificial). Foi um passatempo
sério e divertido ao mesmo tempo em que me permitiu recordar o que havia
aprendido e que, após o término da Faculdade, ficou esquecido.
Algumas mudanças imprevistas, devidas as
‘rasteiras’ do destino, me levaram a por de lado o assunto. Ontem, encontrei a pasta onde estão guardadas
as 210 páginas datilografadas (ainda não tinha computador) e mais algumas
incompletas, em rascunho; num levantamento rápido contabilizei mais de 4.500
vocábulos com grande semelhança entre si
nos idiomas acima citados.
No inicio do trabalho também incluí a origem das
palavras, o que ajudava a entender o seu significado; essa parte ficou
prejudicada com a perda de alguns dicionários antigos onde todos os verbetes
também davam a origem da palavra.
É curioso como aqui no Brasil há uma tendência
preguiçosa de cortar informações que levem a um conhecimento mais abrangente, que
fale à imaginação e consequentemente amplie o universo cultural. Por exemplo,
em outras culturas é comum o nome das pessoas terem uma ‘tradução’. - Você sabe o significado do seu nome? - E, falar
mais de um idioma, além de algum dialeto, é hábito em muitos países. Não no
Brasil. Por falar em dialetos, ouvi a noticia de que será considerada língua
oficial o ‘taliano’ falado no Brasil.
Como ver o mundo através de um idioma? A
mentalidade de cada povo difere de outro – a forma de se expressar, de
construir frases, interpretar significados. A pronúncia, por exemplo, é um
desafio a mais – e chega ser divertido aprender transferindo a fala de um para
outro idioma.
Também é preciso entender e saber respeitar a
estrutura de cada língua; a língua portuguesa é muito rica, por esse motivo,
uma tradução de outro idioma de forma literal fica prejudicada; o mesmo ocorre
com o castelhano e com o francês.
O conhecimento nos chega pelo estudo que é um
trabalho que deve ser levado a sério e que pode ser muito prazeroso também. Ao
identificar a aproximação linguística entre idiomas torna-se mais fácil seu
aprendizado.
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No
dia 17 de julho escrevi um texto sobre “Geolingua – Espanhol &
Português”(Nossa Língua Portuguesa comemora 8 séculos de existência – Geolingua
> Português e Espanhol – Uma proposta).