Estudo da NASA divulgado nesta semana é acompanhado de um
mapa do aquecimento do planeta desde 1880, concluindo que o ano de 2014 foi o
mais quente desde o período em que as medições começaram a ser feitas, com uma
acentuação nos últimos 30 anos. O índice de variação de temperaturas medido foi
de apenas 0,002 graus dentro da margem de erro.
Os estudiosos do assunto continuam insistindo que a
emissão de gases efeito estufa é que são os responsáveis pelo ‘aquecimento’.
Pelos estudos realizados, pela experiencia vivendo num país tropical e recordando
histórias de extremos de temperaturas na
Península Ibérica (1889/1910) de clima temperado, (seis meses de inverno e seis
meses de ‘infierno’) posso afirmar que a humanidade de há tempos convive com
períodos de forte calor e que, como dizia meu avô, ‘el inverno, el lobo no se
lo come’.
A ciência e a história confirmam a ocorrência de grandes
mudanças cíclica no planeta Terra, mesmo antes da presença humana. A pergunta
que paira é se, e quando ocorrerá a próxima mudança? Tanto a Terra como os
planetas do Sistema Solar contém cicatrizes que indicam a ocorrência de fatos
que mudaram a face do planeta - verdadeiros “fins do mundo”. Voltei aos livros para rever o tema.
Englobando, de forma simples, para que os leigos possam
ter uma ideia do que se passou em nosso planeta, vejam quais foram os grandes
ciclos e respectivas mudanças climáticas
e geológicas:
ERA
PRIMÁRIA - (310 milhões de anos) – além
das mudanças climáticas, os mares recuaram e surgiram novos continentes; ocorreu
também uma glaciação continental e adaptação de animais e vegetais (no Brasil a
glaciação veio do norte para o sul até o planalto meridional).
ERA
SECUNDÁRIA - (120 milhões de anos) –
dividido em 3 grandes períodos. No 1º e no 2º, os climas foram quentes e
desérticos, com clima favorável e presença de vegetação no Ártico e na Antártida;
presença de muitos animais e espécies vegetais. No 3º período houve inundações
constantes, o clima era ameno, a vegetação era do tipo tropical e subtropical.
Presença dos sáurios, entre eles os dinossauros.
ERA TERCIÁRIA - (70 milhões de anos) - Definiu
o mundo em que vivemos hoje: continentes, mares, oceanos, relevo (formação das grandes
cordilheiras), aparecimento das espécies vegetais e animais, e clima com
alternância de 4 períodos glaciais de mais ou menos 100 mil a 30 mil anos de
duração, com períodos quentes, intercalados.
No
final do 4º período definem-se as espécies atuais, e o Homem! É a ERA
QUATERNÁRIA (1 milhão de anos) – É o período mais recente com a definição das
grandes áreas climáticas atuais da Terra e consequente distribuição da flora e
da fauna como conhecemos.
Vejamos
a seguir exemplos de variações climáticas e de vegetação na América do Sul num
período de 30 mil anos AP (ano presente) até hoje:
BIOMAS E SUA
EVOLUÇÃO: Estudos recentes sobre os biomas e sua evolução, sintetizam
diversas pesquisas que abrangem um largo período que vai de 30 mil anos (AP*)
até os dias atuais sobre as variações climáticas e de vegetação na América do
Sul. Na tese de doutorado do antropólogo Barbosa, A. Sales (UCG -2002) lemos: Em
Carajás (PA) temos: a) entre 20.000 e 13 mil anos (AP) – dominou uma fase seca,
com presença de gramíneas e elementos de savanas.; b) entre 13 mil anos (AP) e
10 mil anos (AP) – período úmido; c) de 10 mil a 8 mil (AP) diminuição lenta de
umidade; d) entre 8 mil (AP) a 3 mil (AP) registro de um período seco com
predomínio de gramíneas (50%); e) a partir de 3 mil (AP) registra-se um aumento
gradativo de umidade, diminuição das gramíneas e tendência para a formação
florestal atual. Portanto a floresta Amazônica é uma formação recente de fácil
recuperação. A mata Atlântica é mais antiga (7.000 anos – AP), e também se
recupera com facilidade. O mesmo não ocorre com áreas mais antigas como o
Cerrado – uma das mais antigas formações do bioma mundial.
O texto “O CERRADO BRASILEIRO” baseado em Simpósios sobre o
Cerrado (1963/1977) publicado na Revista Brasileira de Geografia (USP) explica como a Amazônia que já foi Cerrado se
transformou em floresta. E que o Cerrado Brasileiro é assim desde o Pleistoceno
Superior devido aos micronutrientes encontrados no solo, e não devido ao clima
como se tem afirmado. A relação solos-nutrientes e vegetação é o segredo. É mais
fácil o cerrado se transformar em floresta se houver mudanças mesológicas como
ocorreu no passado amazônico, do que a floresta virar cerrado. As diferentes
paisagens vegetais estão adaptadas ao tipo de solo e seus micronutrientes. As
pesquisas apontam para esse fato há tempo.
A presença de umidade é o suficiente para os biomas se
renovarem. Nos últimos 3000 anos foi registrado para a Bacia Amazônica e
planícies da Colômbia, três períodos secos: 1- entre 2.700 e 2.000 anos; 2-
entre 1.500 e 1.200 anos e 3- entre 700 e 400 anos. Esses períodos são
intercalados com períodos úmidos.
A INFLUENCIA MARINHA NOS CLIMAS: - Sondagens submarinas (Climap – 1976) demonstram como as correntes
marinhas influenciavam o clima no interior do continente durante o inverno
(Julho/agosto), isto já a 18 mil anos (AP); por exemplo o abaixamento do nível
do mar provocado pela glaciação e pelas correntes marítimas, provocou climas
diferentes no interior da América do Sul. Segundo Damuth e Fairbridge, ventos
aquecidos e secos (Föehn) soprariam do Sul da grande bacia Amazônica nos
invernos dessa época, resultando na dissecação das depressões e dos vales com
sentido Norte/Sul e NE/SE (com menor intensidade por influencia marítima).
Todos os vales dos rios Tocantins/Araguaia, Xingu, Juruena, Paraguai, Mamoré,
Negro-Branco, etc., seriam semi-áridos na época glacial, com florestas apenas
ao longo dos rios. Já o nordeste brasileiro, graças aos ventos marítimos era
favorecido com mais umidade no inverno. O professor Aziz chama a atenção para a
expansão dos climas secos na América do Sul nos períodos glaciais do
quaternário – no apogeu glacial do Pleistoceno Superior (18 mil a 12 mil anos
(AP). Cita duas áreas de expansão da semi-aridez: 1- no NE; 2 – Norte da
Argentina e na Patagônia. A primeira se expande para o sul, oeste e centro do
Brasil; a segunda segue para Norte/Noroeste. A causa principal seria a
influencia das correntes marinhas frias que ultrapassaram os limites atuais
(2002).
Vivemos hoje a última era
pós glacial, e, ao que tudo indica, caminhamos para mais uma grande
transformação climática que já começa a afetar a vida das populações nas
grandes cidades, como por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro. Os aquíferos
começam a demonstrar sinais de esgotamento pela falta de chuvas regulares cujas
causas certamente estão além da ação humana, mas que o homem com sua tecnologia
poderá minimizar os efeitos. Os apagões
são uma constante, mas os governos preferem fazer política menor. Caminhamos para
um período de vacas magras e de subdesenvolvimento graças à miopia e falta de
planejamento de um governo medíocre apegado ao poder.