terça-feira, 20 de janeiro de 2015

AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SÃO NATURAIS E CÍCLICAS, MAS OS GOVERNOS IGNORAM E NÃO PLANEJAM COMO ENFRENTAR OS PROBLEMAS DECORRENTES.


Estudo da NASA divulgado nesta semana é acompanhado de um mapa do aquecimento do planeta desde 1880, concluindo que o ano de 2014 foi o mais quente desde o período em que as medições começaram a ser feitas, com uma acentuação nos últimos 30 anos. O índice de variação de temperaturas medido foi de  apenas 0,002  graus dentro da margem de erro.
Os estudiosos do assunto continuam insistindo que a emissão de gases efeito estufa é que são os responsáveis pelo ‘aquecimento’. Pelos estudos realizados, pela experiencia vivendo num país tropical e recordando histórias de extremos de temperaturas  na Península Ibérica (1889/1910) de clima temperado, (seis meses de inverno e seis meses de ‘infierno’) posso afirmar que a humanidade de há tempos convive com períodos de forte calor e que, como dizia meu avô, ‘el inverno, el lobo no se lo come’.
A ciência e a história confirmam a ocorrência de grandes mudanças cíclica no planeta Terra, mesmo antes da presença humana. A pergunta que paira é se, e quando ocorrerá a próxima mudança? Tanto a Terra como os planetas do Sistema Solar contém cicatrizes que indicam a ocorrência de fatos que mudaram a face do planeta - verdadeiros “fins do mundo”.  Voltei aos livros para rever o tema.

Englobando, de forma simples, para que os leigos possam ter uma ideia do que se passou em nosso planeta, vejam quais foram os grandes ciclos e  respectivas mudanças climáticas e geológicas:
ERA PRIMÁRIA - (310 milhões de anos) –  além das mudanças climáticas, os mares recuaram e surgiram novos continentes; ocorreu também uma glaciação continental e adaptação de animais e vegetais (no Brasil a glaciação veio do norte para o sul até o planalto meridional).
ERA SECUNDÁRIA  - (120 milhões de anos) – dividido em 3 grandes períodos. No 1º e no 2º, os climas foram quentes e desérticos, com clima favorável e presença de vegetação no Ártico e na Antártida; presença de muitos animais e espécies vegetais. No 3º período houve inundações constantes, o clima era ameno, a vegetação era do tipo tropical e subtropical. Presença dos sáurios, entre eles os dinossauros.
 ERA TERCIÁRIA - (70 milhões de anos) - Definiu o mundo em que vivemos hoje: continentes, mares, oceanos, relevo (formação das grandes cordilheiras), aparecimento das espécies vegetais e animais, e clima com alternância de 4 períodos glaciais de mais ou menos 100 mil a 30 mil anos de duração, com períodos quentes, intercalados.
No final do 4º período definem-se as espécies atuais, e o Homem! É a ERA QUATERNÁRIA (1 milhão de anos) – É o período mais recente com a definição das grandes áreas climáticas atuais da Terra e consequente distribuição da flora e da fauna como conhecemos.
Vejamos a seguir exemplos de variações climáticas e de vegetação na América do Sul num período de 30 mil anos AP (ano presente) até hoje:

BIOMAS E SUA EVOLUÇÃO: Estudos recentes sobre os biomas e sua evolução, sintetizam diversas pesquisas que abrangem um largo período que vai de 30 mil anos (AP*) até os dias atuais sobre as variações climáticas e de vegetação na América do Sul. Na tese de doutorado do antropólogo Barbosa, A. Sales (UCG -2002) lemos: Em Carajás (PA) temos: a) entre 20.000 e 13 mil anos (AP) – dominou uma fase seca, com presença de gramíneas e elementos de savanas.; b) entre 13 mil anos (AP) e 10 mil anos (AP) – período úmido; c) de 10 mil a 8 mil (AP) diminuição lenta de umidade; d) entre 8 mil (AP) a 3 mil (AP) registro de um período seco com predomínio de gramíneas (50%); e) a partir de 3 mil (AP) registra-se um aumento gradativo de umidade, diminuição das gramíneas e tendência para a formação florestal atual. Portanto a floresta Amazônica é uma formação recente de fácil recuperação. A mata Atlântica é mais antiga (7.000 anos – AP), e também se recupera com facilidade. O mesmo não ocorre com áreas mais antigas como o Cerrado – uma das mais antigas formações do bioma mundial. 

O texto “O CERRADO BRASILEIRO” baseado em Simpósios sobre o Cerrado (1963/1977) publicado na Revista Brasileira de Geografia (USP)  explica como a Amazônia que já foi Cerrado se transformou em floresta. E que o Cerrado Brasileiro é assim desde o Pleistoceno Superior devido aos micronutrientes encontrados no solo, e não devido ao clima como se tem afirmado. A relação solos-nutrientes e vegetação é o segredo. É mais fácil o cerrado se transformar em floresta se houver mudanças mesológicas como ocorreu no passado amazônico, do que a floresta virar cerrado. As diferentes paisagens vegetais estão adaptadas ao tipo de solo e seus micronutrientes. As pesquisas apontam para esse fato há tempo.
A presença de umidade é o suficiente para os biomas se renovarem. Nos últimos 3000 anos foi registrado para a Bacia Amazônica e planícies da Colômbia, três períodos secos: 1- entre 2.700 e 2.000 anos; 2- entre 1.500 e 1.200 anos e 3- entre 700 e 400 anos. Esses períodos são intercalados com períodos úmidos. 

A INFLUENCIA MARINHA NOS CLIMAS: - Sondagens submarinas  (Climap – 1976) demonstram como as correntes marinhas influenciavam o clima no interior do continente durante o inverno (Julho/agosto), isto já a 18 mil anos (AP); por exemplo o abaixamento do nível do mar provocado pela glaciação e pelas correntes marítimas, provocou climas diferentes no interior da América do Sul. Segundo Damuth e Fairbridge, ventos aquecidos e secos (Föehn) soprariam do Sul da grande bacia Amazônica nos invernos dessa época, resultando na dissecação das depressões e dos vales com sentido Norte/Sul e NE/SE (com menor intensidade por influencia marítima). Todos os vales dos rios Tocantins/Araguaia, Xingu, Juruena, Paraguai, Mamoré, Negro-Branco, etc., seriam semi-áridos na época glacial, com florestas apenas ao longo dos rios. Já o nordeste brasileiro, graças aos ventos marítimos era favorecido com mais umidade no inverno. O professor Aziz chama a atenção para a expansão dos climas secos na América do Sul nos períodos glaciais do quaternário – no apogeu glacial do Pleistoceno Superior (18 mil a 12 mil anos (AP). Cita duas áreas de expansão da semi-aridez: 1- no NE; 2 – Norte da Argentina e na Patagônia. A primeira se expande para o sul, oeste e centro do Brasil; a segunda segue para Norte/Noroeste. A causa principal seria a influencia das correntes marinhas frias que ultrapassaram os limites atuais (2002).


Vivemos hoje a última era pós glacial, e, ao que tudo indica, caminhamos para mais uma grande transformação climática que já começa a afetar a vida das populações nas grandes cidades, como por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro. Os aquíferos começam a demonstrar sinais de esgotamento pela falta de chuvas regulares cujas causas certamente estão além da ação humana, mas que o homem com sua tecnologia poderá  minimizar os efeitos. Os apagões são uma constante, mas os governos preferem fazer política menor. Caminhamos para um período de vacas magras e de subdesenvolvimento graças à miopia e falta de planejamento de um governo medíocre apegado ao poder.